quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

A besta


Sempre gostei de estar sozinho, foi assim desde pequeno, como diria alguém "sempre muito na minha". Os motivos pelos quais "isto" acontece? o contar só comigo próprio, o sentimento de autosuficiencia e sei lá mais o quê. Sempre precisei de me afastar durante um tempo e de estar sozinho, antigamente pegava na mota, enchia o deposito, e ia andar por aí sem destino nenhum, agora os tempos mudaram, a minha vida mudou, tenho filhos e uma familia. Lentamente mudei-me, ou tentei mudar, e a "besta" foi arrumada num canto da minha cabeça, mas ficou à espera da sua hora, lentamente foi amordaçada, embora de vez em quando se fizesse sentir, foi ficando cada vez mais silenciosa.


Quando, recentemente, as aguas se agitaram ela acordou, e foi o momento, de um golpe levantou-se e partiu todas a amarras, nessa altura voltei a ter mais uma voz na minha cabeça. Não é a mesma besta do passado, está diferente mais domesticada mas também mais forte, já não grita, mas sinto a mesma vontade de estar na estrada, num caminho qualquer, a caminho de qualquer lado.

Sinto-me bem comigo, coisa que não acontecia faz tempo, mas até isso é estranho. É como se voltasse a aprender a andar. Estou mais calmo, diria que mais confiante, talvez seja de idade. Mas o sangue ainda me corre nas veias... se volto a sentir a "presença" do Artur parto, tenho isso muito claro na minha mente, o impacto é terrivel mas já tomei essa decisão com tempo e com uma calma interior que vem não sei de onde.

Tenho umas saudades monstras da minha avó.

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