segunda-feira, 12 de novembro de 2007

De Sexta a Sábado




Sexta-feira começou tarde, recebi as ultimas peças da mota já passava da 4 da tarde. Para poder ir andar no sábado precisava vencer o quebra-cabeças que representava ter a mota desmontada… comecei por volta da 10 da noite e foi um trabalho de paciência, às escuras e cansado foi tudo muito mais complicado. Mas consegui e às 4 da manhã a Suzy estava pronta, já não tive forças para ver se estava tudo em ordem, só queria dormir porque daí a duas horas tinha de me levantar de novo.

Surpreendentemente tudo funcionou quando o sol nasceu… eu acordei a horas e a mota funcionou. Primeiro a custo mas depois lá entramos no ritmo os dois. Passado uma hora e três cafés depois lá encontrei o meus colegas de aventura. O que no propúnhamos era ir de Salvaterra até Montargil fora de estrada, como se já não fosse suficiente as dificuldades do caminho tinha alterado uma boa parte da ciclistica da minha montada o que fazia com que a desconhecesse quase por completo. Ia ser um desafio…

Foi uma desafio voltar a aprender a andar, conhecer a mota e reconhecer-me a mim, foi bom. Caí três vezes e voltei sempre a levantar-me, a por a mota a trabalhar e regressar à estrada sem medos. Gostei muito de não ter medo, de me sentir forte, de ouvir que era preciso jeito para estar a andar como andei.

No fim do dia estava sem luz e tive de voltar para casa sem sol, foi muito perigoso ir para a estrada assim. Na verdade foi uma corrida contra o tempo para chegar antes do sol se ir, estava cansado, muito cansado e fazer um erro era muito fácil, mas tudo correu bem. Teve piada porque na verdade achei que reflectia bem o que é a minha vida neste momento, uma corrida contra algo que não se pode vencer. Dou o meu melhor tento não me aleijar… quase consegui apesar dos arranhões, nódoas negras e o corpo todo dorido, quase consegui. Mas o quase não chega, cheguei a casa já noite cerrada e sem ninguém em casa.

Fiquei uns tempos à porta de casa a ouvir os sons do campo, das casas na distância, mas sobretudo o som do silêncio.

Preciso de me levantar, percebi que perdi. Há lutas que se travam que estão perdidas à partida, que se travam porque se quer ou porque tem de ser, não sei bem. Mas há uma altura em que acaba, e a minha acho que acabou.

Não sei o que fazer agora que os meus medos destruíram uma boa parte de mim, olho e não vejo. A minha vontade era seguir a minha vida sozinho mas já não estou só, existem três coisas lindas que adoro e que acho não ter o direito de fazer sofrer, que amo mais do que a mim mesmo, não sei… não sei, não sei, não sei.

Olho para a mulher que amo mas ela já não está lá, a dúvida consumiu-a e ela alimentou essa dúvida… acho que tentei quebrar isso. Mas se calhar a duvida dela era mesmo só o ter outra pessoa no coração, e se calhar ainda o é. Os espaços vazios ficaram na minha cabeça e essa dúvida é demasiado pesada para a carregar sozinho.

Preciso de me reconstruir e voltar a ser eu… sinto-me terrivelmente sozinho e perdido.

Sem comentários: